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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

HQ - Resenha: Joe, O Bárbaro #1 (1 de 8)




Finalmente consegui colocar minhas mãos na edição 21 da Vertigo! Esperava ansioso pela história que estrearia nessa edição, a premiada (e indicada ao Prêmio Eisner): Joe, O Bárbaro.

É difícil escrever uma análise sobre apenas um capítulo de uma HQ. Principalmente quando é o primeiro. Isso se deve pelo fato de que a leitura é muito rápida, e os detalhes da história são ainda escassos. Em trinta minutos eu li este capítulo 1 de Joe, O Bárbaro três vezes, depois parei pra analisar a arte mais profundamente.

Eis uma pequena sinopse, proveniente do site da revista Vertigo:

“Joe Manson é um jovem que, além da diabetes, tem uma imaginação hiperativa. O dia já não estava indo bem, e de repente ele se vê com hipoglicemia e uma de suas consequências: alucinações. A partir daí, conseguir descer do seu quarto no sótão até achar um refrigerante na cozinha pode ser uma odisseia sem precedentes em meio a animais falantes, inimigos medievais, Transformers, Batman e tudo que faz parte da mente heroica e delirante de Joe.”

Pude perceber que a cada leitura, compreendi melhor os poucos detalhes apresentados nesse início. É o tipo de história que exige atenção. Este capítulo contém bem menos conteúdo escrito do que o normal em HQs, deixando muito da narrativa para a bela arte de Sean Murphy. E ela não desaponta nem na questão de beleza gráfica e artística, e nem na composição dos quadros ao contar a história, apresentando por horas uma narrativa visual linda, aliada a beleza mórbida, e abusando das cores mortas e das sombras, como na imagem abaixo (clique para ampliar):




Repare nas sombras no primeiro quadro, em como a menina olha para Joe no banco de trás, nos passando apenas com isso a preocupação da personagem. Além disso, há a última fileira de quadros, onde Joe desce do ônibus, e ao se afastar um pouco, no quadro seguinte, nos permite ver a menina o observando da janela, até que por fim, temos um close nela. Juntando os três quadros, temos uma sensação muito forte de movimento (repare também que o ônibus está fazendo uma curva).

Esta página foi a que mais me impressionou, mesmo havendo outras visualmente mais exuberantes. Pode não parecer nada, mas pra mim esses elementos são a mágica dos quadrinhos, o elemento que esta forma de arte tem como diferencial em relação a literatura.

O artista também usa algumas páginas como se fossem um exercício de perspectiva:




Até aqui você já deve ter percebido quão bela e bem trabalhada é a arte de Joe, O Bárbaro. Mas vale ressaltar que a qualidade inferior do papel da Vertigo mensal não faz jus a qualidade dos desenhos. A HQ tem um clima pesado e sombrio e em algumas imagens que já são escuras no original, fica difícil ver os detalhes, pois a impressão fica ainda mais escura. No entanto, as páginas mais claras ficam belas um pouco mais escurecidas.

Ainda é cedo para falar alguma coisa sobre o texto de Grant Morrison. São poucas falas, e muitas imagens, mas a premissa da história é intrigante, original e tem um clima muito atrativo.

Só um porém quanto a tradução da Panini: É mesmo necessário o uso do "Cê" ao invés de "Você"? Eu, particularmente odeio ver os personagens falando desse jeito. Não me importo com o "Tô" ou o "Tá", mas esse "Cê" é simplesmente feio.

Finalizando

No geral, gostei muito do início das aventuras de Joe, mesmo com a escassez de informações. Com certeza comprarei um eventual encadernado no futuro. Tanto para apreciar melhor os desenhos em um papel de qualidade, quanto pra fazer uma maratona dos capítulos. Definitivamente, promete muito. Uma pena é ter que esperar um mês para cada capítulo.

Joe, O Bárbaro #1 – Publicado na revista Vertigo mensal (a partir da edição 21).

Editora: Panini

Periodicidade: Mensal

Nota: 9,0

Um comentário:

  1. Nossa! a composição das páginas é linda mesmo. Muita gente se foca tanto no texto e na trama de revistas que perde o foco da conjunção imagem/texto que dá o especifico da arte sequencial.

    Prabéns pela análise! Me convenceu a ler essa história (a despeito de uma leve birra com o Grant Morrison...)

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