Pesquisar este blog

domingo, 11 de novembro de 2012

Resenha: Cosmópolis (2012)



  Cosmópolis é um filme esquisito. Incomum. Se você está pensando em vê-lo “pois tem o Robert Pattinson”, esqueça. Talvez, mesmo se vocês está acostumado a filmes que te fazem pensar e exigem mais do seu cérebro do que ele pode processar, Cosmópolis seja um filme bastante complicado.

  A história acontece no decorrer de um único dia na vida de um gênio milhonário de 28 anos chamado Eric Packer (Pattinson), que, pela manhã, decide que precisa de um corte de cabelo. Ele é milhonário, a cidade de Nova York está recebendo a visita do presidente dos EUA e as ruas estão lotadas de manifestantes. Packer pode resolver seu problema com apenas um telefonema, mas está decidido a atravessar a cidade até seu barbeiro, dentro de sua limosine. Através dos engarrafamentos, paralisações e reuniões de negócios que ocorrem ali mesmo dentro de seu carro, a viajem acaba por levar um dia inteiro, onde muitas pessoas vão se aproximar de Packer, com diferentes intenções, e normalmente com discursos verborrágicos e filosóficos sobre o capitalismo, a falta de tempo, os avanços tecnológicos e sobre a transformação da vida em um ciclo robótico e infinito.

  Será que a a tecnologia avançou demais para o nosso próprio bem? Pessoas morrem sem nenhum dinheiro, sem recursos, enquanto outras, como o próprio Eric, tem dinheiro suficiente para fazer um check-up médico todos os dias. O tempo está acelerado demais. As pessoas já não vivem. Procura-se prever as coisas baseando-se em padrões, mas não são as anomalias que costumam afetar mais o todo? Afinal, a atenção se volta para o que se destaca.

  Todo esse parágrafo anterior pode não fazer muito sentido. Mas essas idéias, perguntas, afirmações... são coisas nas quais minha mente está trabalhando após o término de Cosmópolis.

  Não, o filme não é perfeito. Seus 100 minutos demoram a passar, que indica certa falta de ritmo. Mas David Cronenberg consegue extrair uma atuação ótima de Robert Pattinson, consegue criar um clima claustrofóbico, perturbador, e passar toda a frieza do sistema que não difere em nada do nosso. A única diferença é que ali o caos já começou.

   As pessoas com um pouco de conhecimento já vêem toda essa merda mostrada no filme de Cronenberg e no livro de Don DeLillo há algum tempo. O ódio e resignação das classes mais baixas. Os distúrbios psicológicos, a necessidade de uma válvula de escape, que pode não ser encontrada. A vida vai perdendo a graça enquanto o tempo para cada uma de nossas ações deve ser medido na casa dos segundos.

  As vezes, penso no nosso modo de vida como uma bomba caseira. Todos os ingredientes para o desastre estão prontos e no lugar. Só falta o cronômetro chegar a zero.

Cosmópolis (Cosmopolis, 2012)

Direção: David Cronenberg.
Roteiro: David Cronenberg (baseado no romace de Don DeLillo).
Elenco: Robert Pattinson, Kevin Durand, Sarah Gadon, Juliette Binoche, Jay Baruchel, Samantha Morton, Mathieu Amalric, Paul Giamatti.
Nota: 9,0