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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O Mito de Arata Vol. 1 – Resenha





Este mês estreou outro mangá Shounen pela Panini, O Mito de Arata, da autora de Shoujos Yuu Watase. Nunca li nenhum outro título da autora, mas sei que este é o seu primeiro shounen de ação e aventura.

Neste primeiro volume o que se pode dizer é que a história é bem batida. Arata é um jovem de um mundo bem diferente do nosso, onde magia e o convívio com deuses são coisas normais. Ele tem que se passar por mulher em uma cerimônia para ajudar a sua avó e seu clã. Mas as coisas dão errado e ele acaba sendo acusado de assassinato. Durante sua fuga, ele acaba entrando em uma floresta e vindo parar no Japão atual. Enquanto isso, Arata Hinohara é um garoto japonês com alguns problemas. Pra começar ele sempre sofreu bullying na escola, e acabou até mesmo desenvolvendo uma depressão por conta disso. Hinohara tem esperança de recomeçar em uma nova escola, e a princípio tudo vai bem, até um de seus antigos colegas aparecer na escola e acabar novamente com a vida do rapaz. Se sentindo traído por um de seus novos amigos, Hinohara diz que gostaria de desaparecer. Nesse momento, ele é mandado para o mundo
do outro Arata, onde vários perigos o aguardam.

Neste primeiro volume, a autora conduz a trama de uma forma muito clichê. Diálogos, situações e personagens que remetem não só aos clichês de fantasia, mas também a alguns clichês “nipônicos” mesmo, como reações exageradas e situações comuns em mangás de comédia (como cair em um local cheio de garotas nuas e levar muita porrada por causa disso). É fácil garantir que o melhor capítulo é o segundo, onde o Arata do mundo real tem que enfrentar vários problemas na escola, e somos apresentados a parte do seu passado.

O humor também é muito familiar a quem assiste muitos animes e lê muitos mangás. Mesmo assim, algumas situações são muito engraçadas. Outra coisa que incomoda é a forma como todo acontece nos momentos em que mais se espera. Se um personagem se pergunta para que serve um artefato, automaticamente, no próximo quadrinho essa pergunta é respondida, ou então quando um personagem tem que se defender, na hora “H” surge uma arma especial mega-poderosa, ou até mesmo uma parte em que os personagens estão cercados, e na hora passa um grupo de peregrinos vestidos todos iguais, prontinhos para deixar os protagonistas se passarem por um deles. De vez em quando tudo bem este tipo de coisa acontecer, mas em O Mito de Arata a freqüência deste tipo de situação é muito grande.

Bom, depois de tacar o pau indiscriminadamente, vamos aos pontos positivos, por que eles existem sim.

A arte, apesar de irregular, é bonita. O traço suave de Yuu Watase remete diretamente aos shoujos, mas com uma boa simplificada. Não temos por exemplo, um quadro realmente marcante neste volume. Além disso, algumas passagens são um pouco confusas devido a própria narrativa visual, mas nada que não possa ser contornado. No quesito design de personagens, nota-se um capricho nas personagens femininas, nos lembrando mais uma vez que estamos lendo um mangá de uma autora de shoujos. Dos personagens masculinos, o Arata Hinohara é o meu preferido. Achei o desenho dele bem mais legal do que o do outro (apesar de serem iguais, só muda o cabelo e as roupas).

Além disso, temos como ponto positivo algumas passagens de humor, como já dito, e também alguns paralelos que Hinohara traça, como quando ele diz que humanos traem e são egoístas em qualquer mundo. Isso pode ser muito bem utilizado nos próximos volumes pela autora. Não seria legal se o Arata preso no nosso mundo passasse por situações complicadas, mesmo sem a existência da guerra e da violência presente diretamente na vida do outro Arata? Aliás, acho que provavelmente a autora vai usar isso, já que o Arata que está no Japão vai freqüentar a escola passar por tudo que o outro passava.

Um outro ponto que me incomodou foi o fato de que as pessoas que conviviam com seus respectivos Aratas não notam que seus cabelos estão de tamanhos diferentes e até de
outra cor! Apenas dizem que ele deve ter perdido a memória ou enlouquecido.

Agora, quanto ao trabalho de tradução da Panini, nota dez para a tradutora Karen Kazumi. Os honoríficos estão todos lá e os diálogos ficaram muito fluídos. Quanto ao acabamento, nada além do normal, formato grande, como o do Naruto normal (não o Pocket), capa interna colorida e papel mais ou menos. Mesmo sem páginas coloridas, o preço ficou em R$10,90. De extras, algumas tirinhas ( engraçadas, faz tempo que eu não via tirinhas extras realmente engraçadas) feitas pelas assistentes de Watase.

Mesmo com todos os problemas, Arata tem potencial, restando saber se a autora soube aproveitá-los nos próximos volumes. O mundo de fantasia tem alguns cenários interessantes, mas acho que vai precisar dar uma melhorada boa nos desenhos para os próximos volumes para convencerem como algo original, algo que em nenhum momento até agora, O Mito de Arata foi. No entanto, a leitura é fluída e despretensiosa, servindo bem como um passatempo. Mas espero que no futuro essa história me traga mais do que isso.

O Mito de Arata – Vol. 1
Páginas: 210
Editora: Panini
Periodicidade: Bimestral
Nota: 6,0

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